Pequeno Poeta

Menino aloucado sonhava em roubar,

Subindo na escada que havia inventado

Na mente agitada, pensando calado;

A Lua azulada (donzela dourada).

Menino apressado pegou sua escada,

Botou no telhado e trepou afobado.

Vizinhos malvados zombavam com brados:

"Pequeno tapado! Que grande piada!"

Subiu e subiu e subiu e subiu...

Parou, respirou, descansou e sorriu,

Porém foi agora que o pé foi-se embora...

Caiu e caiu e caiu e caiu...

Jamais desistiu do seu sonho poético,

Nem quando seu tio beliscou-lhe perplexo:

"Menino levado, não seja abobado!

Não vê que a distância seus olhos engana?"

E então a criança, o pequeno poeta,

Sentindo essas setas que injetam veneno,

Falou sem temor e num tom bem ameno,

Igual uma flor em um lago sereno:

"Que vale um amigo distante dos ombros?

Que vale um sorriso no meio de escombros?

Um dia eu consigo tirar esses pontos...

Não temo outro tombo! Só isso que digo."