Desletrado
Minhas letras desaparecem
Como se noites gotejassem
Por banhos de luas novas
As palavras se divertem
Como se quisessem ser
Pontes de descasos.
Algo que não se finda
Extingue-se por si só
O alimento também se alimenta
Da própria existência.
Minhas letras lutam,
Guerreiras recolhidas em velhas grutas esquecidas
Em existência no descaso de um teclado ancião
Surradas, isoladas e separadas,
Não se unem nos antigos trajetos dos dedos.
Sussurros de um pensamento
Soam brisas de momentos
O pires é ralo para hiatos.
Minhas letras me deixaram
Flutuaram sem peso nas mãos
Pensaram em algo melhor.
Leram-se.