QUANDO EU ESTIVE LOUCO


Quando estive insano...

Chamei os santos de profanos,
Dei na morte um abraço fraterno.

Perambulei pelos planos,
De fundo do inferno.

Viajei ao céu nas notas de um piano,
Contemplei a face do Deus eterno.

Recuperei as perdas e os danos,
De um longo inverno.

Desafiei beltranos e cicranos,
Desalinhei as linhas tênues dos cadernos.

Discursei audaz – ufano,
Sobre os amores mais ternos.

Rasguei todos os panos,
Que cobriam meus eus internos.

Mergulhei no meu profundo oceano,
Emergi na lucidez que exige o mundo moderno.
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Já não sou mais louco; ledo engano?