OVERDOSE
Estou ficando só.
Meus heróis morreram de overdose.
Todos.
Ou quase todos.
Embebidos no pó, na poeira.
Poeira da estrada, dos hotéis taciturnos,
dos escombros dos palcos da vida.
Overdose de melodias, de poesia,
de dramas de literatura e gramática.
Doses cavalares de amor, paixão, sucesso e trabalho.
Quem me dera, num devaneio,
Deus me concebesse o dom da adoção eterna.
Traria todos para juntinho de mim.
E os embalaria até o último suspiro meu.