Qual a dosagem recomendada para eu ser eu?

Eu sou a dor

O amor e a indiferença

A ausência total de crença

Na turbulência em direção a queda

Eu sou a mensagem

Encriptada em palavras sagradas

Onde o divino e o profano é banido

Quando o além é resultado de comprimidos

Eu sou a verdade

A vaidade de assumir responsabilidade

Em afirmar quem é ou não escolhido

O vulto de chapéu é a razão de eu ter falecido

Eu sou a vulgaridade

Libidinosa e tentadora

Ovelhas convidadas ao meu abate

As mesmas me dão de sua carne, não que me importe

Sou o medo de não superar a loucura

Convencendo com suaves palavras a manter revivido

O desejo de que além da minha arquetipada vontade

Não exista um mundo maior que tenho reprimido

Quantas pessoas são necessárias

Para transformar em dogma uma série de loucuras?

Em pequenos pedaços de crença, crio remendos

Não quero encarar o mundo ao meu redor

Não há vencedores ou perdedores

Não creio nem que existam instruídos

A nossa pequenina e frágil bolha de conhecimento

Pouco significa quando notamos o vazio

Não há verdade,

Não sou quem eu sou

Sou o ego reafirmando antigas crenças

E o desejo interrompido pelo paradoxo

Preciso que outros me guiem

Mas não aceito que me coloquem uma coleira

Enforco-me vestido de desculpas

E respiro aliviado quando sinto ressoar meu desejo

Desde que eu possa acreditar

Milagres, convenhamos, convenientes em contexto

Descreverão o eu através de suas irrefutáveis palavras

Leve-me para o altar e me deixe acender incensos

Não há nada que você não pode proporcionar

Como pequenas doses esporádicas de falso amor

E uma comunidade cuja inteligência peca no ponto mútuo

De todos projetarem em migalhas suas virtudes

Sou apenas eu, sou todos vocês

Sou mais, menos, e nada talvez

Sou palavras, tão bem articuladas

Que você não nota

Eu poderia ser você

Psycho Vincent
Enviado por Psycho Vincent em 09/10/2023
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