Dionísio e Diaz Zêpam

Meus dedos desmantelam colmeias

Eis um hiato perfumando Lázaros

A ausência excede um tato a ser revelado

Teu nicho menciona ética a esmo

Piedade senhores do engano

Mas a minha pele não se esconde mais da noite

Ela é átomo, ela é coice, ela é sabedoria

Desinfetando todo populismo a despeito do gozo

O coração bate meia dúzia de trabalhos

Morre e se reconstrói um dia depois

Os impactos do bombear deste órgão

São como se bombas explodissem

Não preciso mais de tempo, preciso de você

Seu apetite voraz descarnando todo conhecimento

Meu inimigo é também meu milagre

Ambos moídos e processados no açougue-catedral

Rezaria álibis embaixo da vigília de urubus

Tramas ensaiadas são refeições

A quem já espera o pior dos mundos

Uma bacante que se alimenta em sentido anti-horário

Retrogusto em sua jornada, terror entre torrentes

A paixão é a mesma face da cova que te rejeita

Vai voltar para trás se ainda houverem pontes intactas

Por tal ato, és tão afetuoso com o esquecimento

Me vejo pela última vez, compadeço despindo esperança

Ainda sou o mesmo, idêntico, entretanto mais indireto

Adepto em instruir a sonoplastia do mar todas as vezes

Que tenho a boca em teus ouvidos

Sabe-se dos dragões, sabe-se dos truques

Sabe-se das sombras, sabe-se das bijuterias

Sabe-se das insônias, sabe-se dos oportunismos

Sabe-se lá por quanto tempo sustentarei esse personagem...