SOU TUDO... SOU NADA.

 

Num clarão de vida…

Sou como chama ardente que queima

Em corpo que clama,

Arrebata e sangra…

Sou folha de um livro

Desfolhado ao vento,

Perdido num tempo

Onde o ar inflama!

 

Sou sol, sou chuva,

Sou fascínio evidente

Sou triste, sou contente

Sou Rei… tenho frio!

Sou vertente que brota

No leito de um rio…

Sou água que corre na corrente

Puro e tão-somente

Que cria coragem

E segue seu rumo…

Calado e sombrio!

 

Sou voz falante

Num mundo que cala!

Sou choro de criança

Que nasce na esperança

De ver tudo… Em puro encanto!

Sou futuro, sou passado

Sou perdido, sou achado

Sou presente

A vida pressente!

Sou pouco e sou tanto…

Sou palavras de um velho livro

Esquecido de ser lido,

Perdido… Jogado a um canto!

 

No silêncio gritante

Das frias madrugadas…

Sou minuto contraído,

Sou sonho que desperta cedo

Com rosto de menino

De lágrima lavada…

Sou caminho, sou estrada

Sou muitos, sou sozinho

Sou gigante, sou pequenino

Sou tudo… Sou nada!