A FLOR E O ABISMO

Se não penso

não falo,

se não escrevo

me mato.

Aquele que tem pudor de não gritar,

vive no purgatório dos seus gemidos

não falo,

se não escrevo

me mato.

Quem que tem pudor de enlouquecer?

Talvez viva no purgatório das suas palavras

Se faço

me esfolo,

se grito

peço uma flor no fundo do abismo,

a loucura do eu

e ninguém compreender,

de olhar e ninguém me tocar,

se os trapos que cobrem o corpo é a pele rasgada

e o pelo que tampa a cara

para todos é minha mascara,

Quem acorda?

Quem dorme junto de mim sob a marquize?

Apenas o fogo, de um corpo que dança de dor.

Quem acorda cantando, dorme