ANÁTEMA

Dias sem porquê, flores sem túmulo

diálogo do álcool, tumulto do acúmulo,

protelo enquanto fumo, penso quando durmo

cada sonho desesperado morrendo,

a noite amanhecendo sem rumo,

distante da concretude, o vazio de tudo

vivendo em mim o terror abstruso,

a vida intrusa escorrendo no tempo

que perco sem forma, o estudo absoluto

do meu desprendimento, o edifício

que não construo, meu desmerecimento

no junco, monumento em decíduo,

a gradação em desuso, o artifício

que reduz a arte em desperdício

e seduz, sem aviso, o descaso,

meu despreparo ao concurso público,

o tato com este verso imundo

que eu faço inteirado do esquecimento,

todo poeta no mundo precisa morrer!

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 30/06/2023
Código do texto: T7825699
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