A Previsível Romaria de Hermetismos

Mais uma vez eu contemplei mapas topográficos

Acinzentando minha pele, desmistificando minha idade

Atiçando os lobos que rodam em círculos no raso da garganta

Me fazendo cuspir hora indiferenças, hora violências

O toque áspero

Lambuzado de fome

Espalha uma casa ressentida

Que intimida o prazer com a catedral da culpa

Além dos sacrifícios que não me permito

A resposta que tranca danças sublimadas

Eu enterro tudo que eu sei como proteção

Eu me difamo para desorientar o público rubricável

Não entendo se amo ou temo

Escorri a aparência de pavões

Até paralisar em frente

Aos bustos de barro que ergui

Eu cruzo os vieses de Saturno

Pela manhã, o gosto de madeira

Pela tarde o perfume de arroz abafado

A noite bebo meus restos derretidos

Encontro em covas espelhos e ataduras

Desenho caminhos com unhas quebradiças

O puro silêncio reencontrado do autoabandono

Os ecos que se misturam a silhuetas e criam bestas

A força que o susto suspende atos

Inventa uma necromansia absoluta

Barganhando ossos, delírios e ferro no sangue

Contra a persuasão de mistérios desperdiçados

Todas as chance que eu tenho, eu anseio voltas

Reviver e estimular dores na insistência da sobriedade

Transtornar traumas em cascos e outras performances

Ir desgovernado, remendar-se e existir no depois...

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 24/06/2023
Código do texto: T7821392
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