Casa de Moscas
Ninguém as vê
Ninguém as cheira
Ninguém as sente
Todos os argumentos
Para dizerem que isso não é nada
Só que eu as sinto
As moscas rastejando sob minha carne
O odor de podridão carregado por elas
E sinto cada coisa ruim instilada por elas
Elas carregam doenças e maldições para mim
Carregam pensamentos ruins, previsões exageradas
Pseudo Verdades autodepreciativas
Repelentes de ânimo, ladras de vitamina D
Surrupiadores de cálcio
Vício pelo próximo segundo
Inquietude, fobia da finitude
Palpitar, falta de um acalmar, tranquilidade acabar
Paranóia, tramóia, larga-me em oceano
Sem bóia, abraço de jiboia
Fantasia de nóia
Agonia do tamanho de sequóia
Bebi um pouco de água transparente
Porém deveras ardente
Para vomitá-las
Convites para fumaça
Entrar, queimar
E se livrar de seus restos
Fiz vários riscos na casa
Para assim deixar elas saírem
Comi doce amargo
Para acelerar meu adormecer
E relaxar o remexer
De começo, eu penso que consegui
Até abrir a boca
Deixar as palavras saírem
E ver meu hálito
Contaminado por elas