NEM TODAS LÁGRIMAS CHORAM
Nem todas lágrimas choram
E carregam consigo uma dor
Pois não é inveterado o agora
Lidimo apenas o sangue bordô
Apesar do gosto salobro
Inócua sua aparência incolor
Nem sempre alcanca o escopo
A espontaneidade é de um robô
Até pode trespassar o rosto
Mas não será a linha delgada
O sentimento requer endosso
Com o abono da mão que afaga
Para o cético uma faca cega
Para o crédulo uma navalha
Ato esdrúxulo se posterga
E falho quando se instala
Age com efeito aleatório
O compungir falsa pujança
Toda encenação vai ao solo
E o não soa como insolência
Até opõe ao brilho dos olhos
Mas não cega tal qual o sentir
A sua essência não tem espólio
Seu empenho está em dissuadir