Areia Pegajosa
Sinto um certo sono
Uma certa falta
Uma necessidade
Posso descrevê-la
Mas não consigo saber
Como resolvê-la
Tem areia nos meus olhos
Esfrego, esfrego e esfrego
Porém as mãos não a tiram
Preciso de outras mãos
Para tirá-la
Passo por outras pessoas
Elas encostam em mim
Minha pele pegajosa grava o eco
De seus toques
As mãos passam sobre as peles
Não consigo removê-las
Pois a parasitose é rápida neste estado
Sugo cada mineral, adotando cada
Coisa favorita que não é do meu
Agrado como minha também
Vista embaçada, só me concede
O benefício do borrão ao invés
Da forma rígida e nítida
Não conheço a outra pessoa
Mas como ela têm mãos
Já é o bastante
Um dia, cedi ao peso mental
Que lentificava meu caminhar
Caí no chão e cerrei os olhos
Acordei e notei a ausência da areia
Minha vista embaçada sumiu
E vi os seres ao redor com nitidez
Recusei as perfeições aparentes
Elas escondiam imperfeições
Subjacentes
Não precisei mais de mãos
Sejam elas minhas ou de outros
Minha necessidade se curou
Com algo que não sabia que queria
Ou julgava ser essencial