Areia Pegajosa

Sinto um certo sono

Uma certa falta

Uma necessidade

Posso descrevê-la

Mas não consigo saber

Como resolvê-la

Tem areia nos meus olhos

Esfrego, esfrego e esfrego

Porém as mãos não a tiram

Preciso de outras mãos

Para tirá-la

Passo por outras pessoas

Elas encostam em mim

Minha pele pegajosa grava o eco

De seus toques

As mãos passam sobre as peles

Não consigo removê-las

Pois a parasitose é rápida neste estado

Sugo cada mineral, adotando cada

Coisa favorita que não é do meu

Agrado como minha também

Vista embaçada, só me concede

O benefício do borrão ao invés

Da forma rígida e nítida

Não conheço a outra pessoa

Mas como ela têm mãos

Já é o bastante

Um dia, cedi ao peso mental

Que lentificava meu caminhar

Caí no chão e cerrei os olhos

Acordei e notei a ausência da areia

Minha vista embaçada sumiu

E vi os seres ao redor com nitidez

Recusei as perfeições aparentes

Elas escondiam imperfeições

Subjacentes

Não precisei mais de mãos

Sejam elas minhas ou de outros

Minha necessidade se curou

Com algo que não sabia que queria

Ou julgava ser essencial

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 05/06/2023
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