Nuances Mórbidas

A descrença destrói tudo o que espero

A loucura me induz a fazer o que não quero

Nuances mórbidas tingem de vermelho minha arte

A cada lágrima de sangue chorada da minha parte

O pecado é meu sacramentado destino,

O amor é meu doce desatino

Chaga proibida a uma alma penada

De vida vazia e sina condenada

Indigna da misericórdia divina,

Apenas vago, sem nenhuma missão

Rastejo sobre o pó, impregnado no chão

O tolo sentido a que minha vida se destina

Não sei se ainda consigo me suportar

Mas não tenho forças para me abandonar

Perder-me em um sono eterno

E me ver livre das dores do inferno

A ninguém a não ser a meus ombros,

Pertence esse penoso fardo

Minha alma partida sob os escombros

Vislumbra a dádiva negada a um bastardo

Semente renegada da criação,

Caminha, eternamente, sem luz

Alma vazia, selada na escuridão

Por aquele que morreu na cruz

A chaga em meu corpo atesta

A sina a que estou destinada

A marca de Caim em minha testa

Denuncia minha saga amaldiçoada

Estrela macabra que nunca brilha

Pegadas de destruição marcam sua trilha

Do reino celestial, eterna desertora

Da essência divina, eterna opositora