Um constante perseguidor do próximo segundo
Leio a primeira linha
Já esperando pela próxima
Ouço a primeira palavra
Esperando pela próxima
Existo durante o primeiro dia
Esperando ansiosamente pelo seguinte
Sou um eterno caçador
Do próximo segundo
Desperdiço o presente
Para alcançar
Um futuro que nunca existe
Sempre escapando de mim
Eu corro o máximo que puder
Porém ele sempre parece
No mínimo, um pouco distante de mim
Estico minha mão para entrar nele
Mas ele constantemente se porta
Como um artefato do imaginário
O pico da minha velocidade
Acompanhado pelo desprender
De grãos da minha pele
Olho para trás, vejo meu corpo atrás
Dissolvendo-se em blocos de areia
Sem vida, sem movimento
Despedaçar, acabar, destroçar
Olho para mim mesmo, me vejo mais rápido
Mais leve, invisível, impermeável à tudo
Que é sólido
Olho para baixo
Não vejo nada
Sobrou apenas
Meu pensamento
Em constante aceleração
Sedento pelo próximo segundo
Sem dores para sofrer
Sem obstáculos para me pararem
Ausente de quedas e paradas
Sou apenas
Existência
Crua e verde essência
Sem fatores de virulência
Um passo mais perto
De autodestruição por demência