A Mariposa
O destino é um caso sério
A vida, pura questão de mistério
Uma borboleta completa sua mudança
Mas ainda vive a pequena lagarta sem confiança
Tem asas, mas não consegue voar
Não tem mais lágrimas, mas ainda consegue chorar
Não tem paradeiro
O juízo, com ela, será traiçoeiro
Pequena borboleta, ninfa doce
Quem dera se, assim como vista, fosse
Uma pequena menina,
Cujo veneno, no peito, germina
Olhos moles, rosto inocente
Por dentro, uma meretriz ardente
Se estiver com ela, jamais imaginará
O quanto ela é perversa, sórdida e má
Ares doce, essência rancorosa
Sentada no jardim, a mariposa venenosa
Ela está farta de viver, quer sua salvação
Ela está farta de ser a face da corrupção
Ela ainda espera, lagarta veneno, tornar-se madura
Ela ainda espera se redimir em uma alma pura
Ela escolheu você, menino, para ser seu mentor
Mas cuidado, menino, sua picada lhe trará a dor
Ela urra, ela chora, ela ri, ela diz que sente
Pequena diaba, rouba, mata, engana, mente
Use-a, moleste-a, leve-a para a cama
Depois corra dela, pois ela nunca ama
Ela é uma venenosa mariposa
Fique longe dela, do diabo, ela é esposa
Borboletas e ninfas, do néctar, alimentam-se
Mas ela se alimenta dos que, a ela, entregam-se
Corra menino, saia do caminho dela!
A picada é dolorosa, a face não é nada bela
Como todas as flores do inferno, sempre graciosa
Sempre contente, sorridente, carinhosa
Mas não muito sua alegria durará
Seu coração, a lâmina afiada dela pegará
Salve-se menino e dê a ela a salvação
Ponha a cadela no seu lugar, a escuridão
Ela comerá sua carne, sugará seu sangue até definhar
Cuidado menino, o amor dela te quer matar!