AGORA
Cansei da edificada base,
Da lúcida fase,
Da gaze sobre a ferida,
Das repetidas frases,
Das crases nos as,
Das aspas,
Das farpas,
Da paz inventada,
Da vida limitada,
Da estrada obstruída.
Cansei da monotonia,
Da censura,
Das rasuras do espírito,
De sufocar o grito,
Do silente conflito
Com outros eus,
Do desenredo,
Do medo,
Do fim, de mim, de Deus.
Cansei da rotina,
De ficar na esquina,
Da fragmentada condição,
Da enorme interrogação,
Da espera sem alcance.
Agora, ruptura,
Inatingível nuance,
Quero a loucura,
Impura, extasiante,
Estampada em meu semblante.
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Cansei-me de tudo,
que não tem conteúdo.
De mudar está na hora,
não amanhã, mas agora