Vagabundo da Vida

Eu sou apenas uma miragem.

Aquela miragem que vai ao encontro de alguém que desesperadamente procura algo para o saciar. Eu sou uma água num deserto que teimosamente persisti e insiste em saciar os grãos escaldantes de um longo e brilhante dia de sol. Enquanto nu e rouco correm vocês por este deserto, eu levemente e sarcasticamente largo umas gotas de água no vosso caminho. Bebam meus queridos, bebam e deliciem com uma água louca, desbravada como qualquer um que descobre o seu sonho e teimosamente fica sastifeito. 

Divirtam-se meus amigos, entrem no meu reino e preparem-se para queimar os pés e pulmões e se doer saberão que água nenhuma vos vai salvar.

Apenas continuem caminhando.

Eu cá continuo a vaguear.

Vagueei terras áridas, terras verdes e mares, 

foram longas as travessias de sorte e azares,

mas foram nesses ares,

que me tornei um vagabundo.

Um louco que corre e vai persistir,

em nunca se saciar com água dada,

apenas busco e perco a sorrir,

porque eu sei que no final,

serei apenas mais um que nada,

sozinho neste mar cheio de demónios.

Perdido e roto,

nesta tão bela e desconhecida aventura,

sozinho, perdido, louco e roto.

Sou apenas um vagabundo

da vida.