ROTINA
Na segunda estou depressivo
Fecho a cara, brigo com tudo
Meu trajeto é impreciso
Na terça me entrego à luta renhida
No corpo a corpo, me esfolo
Tento dar rumo a minha vida
Na quarta me estresso, exagero
Bate a ansiedade, reverbero
Recorro a alguma bebida
Na quinta o mundo me parece no avesso
Luto, mas não evito os tropeços
Nas pedras lisas da lida
Na sexta estou zen e reflexivo
Amoleço e as tarefas parecem maiores
Sou engolido pelo trabalho excessivo
No sábado ainda estou dolorido
Mas deixo entrar o sol, abro o coração
À tarde, reencontro-me comigo
No domingo sou todo esperança
Boto na cara um sorriso besta
Ignoro o mundo, viro criança
Curto com todo o prazer este dia mágico
Reflorescem em mim velhos sentimentos
Paradoxo inexplicável do meu mundo trágico