Folha branca

O rio, hoje folha branca,

Simulação da mídia eletrônica,

Não está para peixe

Exige da mente estéril

Uma satisfação:

Que lhe quebre em preto esse alvo monótono

Que lhe faça um solo sem mesmo um pentagrama

E sem um só grama de imaginação

Desafia-me a coragem de ser irresponsável

Que enverede insano sem ter criação

Me arisque e me arrisque em trocadilhos vãos

Zomba da tristeza com que me arrasto nesse sacrifício

Que é ver mal armados, pagãos, desajeitados,

vulgares versículos

Só me resta a pena

Não o antigo instrumento, honrado pelo talento, de tantos autores,

Mas a piedade e a solidariedade

que devo inspirar nesses meus leitores