Os Dentes e as Garras da Dor

 

Medo da dor.

Necessário urgência em tomar alguma providência.

Opta por tentar esfriar os sentimentos,

fonte imponderável que perturba- lhe,

Agredindo a si numa tentativa de defender-se,

 buscando força na insensibilidade,

Brutificando-se emocionalmente

na busca de tornar-se menos vulnerável.

Por não conseguir entender a própria angústia,

simplesmente a ataca,

Estranha solução, mas é ao menos uma possibilidade,

uma amarga esperança,

Mas ainda assim,

melhor do que nada fazer,

Como que uma trilha aberta,

 mas logo invadida pelo mato,

Uma espécie de aventura no imponderável

que desconhece os riscos,

Uma desesperada tentativa

em conter o embate entre mente e coração,

A construção de um dique

que consiga defendê-lo do maremoto sanguíneo,

Terminando por esgotar-se,

Sentindo que no auge da inquietação

surgiu anestésico relaxamento,

Surgindo como salvador o sono a

socorrer a exaustão física do corpo.

Que brinca de realidade na própria fuga

 

.Gilberto Brandão Marcon

10/01/1986

(Fragmento Texto: Voos Noturnos)

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 30/01/2023
Código do texto: T7707643
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