Os Dentes e as Garras da Dor
Medo da dor.
Necessário urgência em tomar alguma providência.
Opta por tentar esfriar os sentimentos,
fonte imponderável que perturba- lhe,
Agredindo a si numa tentativa de defender-se,
buscando força na insensibilidade,
Brutificando-se emocionalmente
na busca de tornar-se menos vulnerável.
Por não conseguir entender a própria angústia,
simplesmente a ataca,
Estranha solução, mas é ao menos uma possibilidade,
uma amarga esperança,
Mas ainda assim,
melhor do que nada fazer,
Como que uma trilha aberta,
mas logo invadida pelo mato,
Uma espécie de aventura no imponderável
que desconhece os riscos,
Uma desesperada tentativa
em conter o embate entre mente e coração,
A construção de um dique
que consiga defendê-lo do maremoto sanguíneo,
Terminando por esgotar-se,
Sentindo que no auge da inquietação
surgiu anestésico relaxamento,
Surgindo como salvador o sono a
socorrer a exaustão física do corpo.
Que brinca de realidade na própria fuga
.Gilberto Brandão Marcon
10/01/1986
(Fragmento Texto: Voos Noturnos)