Trilhas da Solidão
O espírito sombrio vaga na inquietude noturna,
As horas vão passando levando pedaços da vida.
Ódio do mundo, ódio de si.
Um mundo agressor,
A vontade de dar o troco
Aquele que pondera
Contra o que deseja agredir.
Vive aprisionado em cárceres
Da sua própria criação,
Subjugando a liberdade,
Para depois arder-se por ela.
Julga sua existência como inócua,
Não consegue digerir o cotidiano.
Sente um confronto
Entre o mundo existente e o seu ser.
Adota o silêncio,
Mas sente que os dentes mastigam
As palavras não ditas.
Vê o presente como uma encenação
Assombrada por escombros do passado.
Convive com uma angústia dormente
Sempre à espreita para surgir,
Por maior que seja o número de convivas
Estará sempre numa solidão ermitã.
E este é o seu mundo.
Gilberto Brandão Marcon
10/01/1986
(Fragmento Texto: Voos Noturnos)