Vejo cores na escuridão
Quando fecho os olhos
Mergulho na absoluta escuridão
Passo a ver cores
Desenhos sendo desenhados
Na minha frente
Formas e linhas
Se materializando
Formando relevo
O mais puro gracejo
Para meus cansados olhos
Algumas formas são
Abstratas, já outras
São frutos do reflexo
De imagens vistas
Digeridas e jogadas
De volta para mim
Elas caem no berço
Das minhas pálpebras
Aproveito para cortar
Dissecar, pintar, remodelar
Rasgar, editar e embelezar
Para assim, finalmente
Emoldurar e pregar
Na parte de trás
Da minha mente
Enquanto outras pessoas
Sentem pavor da escuridão
Ocupam seus olhos
Com milhares de distrações
Para fugir de seus
Reflexos internos
Tapam seus ouvidos
Para escaparem da quietude
E as vozes escondidas nela
Eu recebo as trevas
De braços abertos
É com a ajuda delas
Que cultivo e colho os espantalhos
Destroços e ruínas
Todo o feio e asqueroso
Para compôr a mais estranha
Definição
De beleza
Sento confortável
Perto de caos interno
Pois ele
Me alimenta