Vejo cores na escuridão

Quando fecho os olhos

Mergulho na absoluta escuridão

Passo a ver cores

Desenhos sendo desenhados

Na minha frente

Formas e linhas

Se materializando

Formando relevo

O mais puro gracejo

Para meus cansados olhos

Algumas formas são

Abstratas, já outras

São frutos do reflexo

De imagens vistas

Digeridas e jogadas

De volta para mim

Elas caem no berço

Das minhas pálpebras

Aproveito para cortar

Dissecar, pintar, remodelar

Rasgar, editar e embelezar

Para assim, finalmente

Emoldurar e pregar

Na parte de trás

Da minha mente

Enquanto outras pessoas

Sentem pavor da escuridão

Ocupam seus olhos

Com milhares de distrações

Para fugir de seus

Reflexos internos

Tapam seus ouvidos

Para escaparem da quietude

E as vozes escondidas nela

Eu recebo as trevas

De braços abertos

É com a ajuda delas

Que cultivo e colho os espantalhos

Destroços e ruínas

Todo o feio e asqueroso

Para compôr a mais estranha

Definição

De beleza

Sento confortável

Perto de caos interno

Pois ele

Me alimenta

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 28/01/2023
Código do texto: T7706103
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