ESTRANHO
Tenho andado estranho,
Poema mal traçado,
Marcado pelo antanho,
Passos descompassados,
Olhar embaçado,
À procura não sei de que,
Tenho andado à mercê,
Da solidão,
Descrente de tudo,
Até do amor – absurdo?
Tenho andado como quem fica,
Em uma condição,
Que nem Freud explica,
Menos eu,
Mais breu,
Menos ternura,
Tenho dado razão à loucura,
Tenho tomado muito gim,
Para ver se ganho altura,
Tenho me perguntado por que,
Tenho andado estranho assim,
Me perguntado em vão,
E não vão me perco mais,
Obscureço mais os aclives,
Tenho silenciado os meus ais,
Andado órfão,
De um pai que eu não tive.