Não dito
Foram um punhado de palavras escritas e ditas, duplamente feitas
Um maço que queimou tão rapidamente como um último cigarro
E ainda assim, o sentimento não virou fumaça, tampouco acabou
E se não acabado, o não dito no que irá se converter?
E se dizer for meu pecado, o que hei de fazer?
Devo dizer o já sabido, devo no escuro padecer?
Mas as letras ficam aqui presas, e meu corpo parece tanto saber
Como uma necessidade de vômito, de expulsar para a dor encerrar
Dizer o dito, falar o não dito, gritar e não mais aqui permanecer
Como engulo o não dito e perco a vontade de dizer?
Mas que irá adiantar? Dizer para nada mudar?
Mas se nada mudará, por qual motivo guardar?
Como decidir entre seguir em frente e falar?
Agonia de incertezas, um partir sem partir, um ódio no povir
Que ganho eu? Nada. Entretanto, o que tenho a perder?
Das poucas certezas sentidas, sabe-se o que não se quer
E segura eu sei: de tanto te amar, devo te esquecer