Não dito

Foram um punhado de palavras escritas e ditas, duplamente feitas

Um maço que queimou tão rapidamente como um último cigarro

E ainda assim, o sentimento não virou fumaça, tampouco acabou

E se não acabado, o não dito no que irá se converter?

E se dizer for meu pecado, o que hei de fazer?

Devo dizer o já sabido, devo no escuro padecer?

Mas as letras ficam aqui presas, e meu corpo parece tanto saber

Como uma necessidade de vômito, de expulsar para a dor encerrar

Dizer o dito, falar o não dito, gritar e não mais aqui permanecer

Como engulo o não dito e perco a vontade de dizer?

Mas que irá adiantar? Dizer para nada mudar?

Mas se nada mudará, por qual motivo guardar?

Como decidir entre seguir em frente e falar?

Agonia de incertezas, um partir sem partir, um ódio no povir

Que ganho eu? Nada. Entretanto, o que tenho a perder?

Das poucas certezas sentidas, sabe-se o que não se quer

E segura eu sei: de tanto te amar, devo te esquecer

Tamyrys Hadassa
Enviado por Tamyrys Hadassa em 28/11/2022
Código do texto: T7659983
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.