Súplica
Memórias em embalos
nostalgia
estranheza
flashes, luzes, sombras
as cortinas se abrem e então se fecham
o pavor, o choque, o vazio
eco interminável, ecoa a si próprio de volta à própria origem
passos, gritos, uma risada que eu nunca ouvi
o meu próprio coração, que hora bate e hora não, parece de mentira
uma peça sem ensaio, entre o surto e o desmaio, onde o segundo nunca vem
a sombra que fica deveria lembrar alguém
o espelho em assalto, pelo pescoço me faz refém
minhas mãos, em agonia, contraem como quem quer machucar
me abrir, desfazer e rasgar, minha pele e minhas memórias
contidas mãos, as memórias correm
em gritos no escuro, fios de sangue escorrem
eu vejo a sala
o quadro falso
o ventilador
as ferramentas
a cadeira
a última canção...
e que não tenha sido em vão
que eu reuni tanta paixão
e entreguei ao mundo
rezando pra afastar o fim
que pelo menos um pouquinho
um gota desse amor
sobreviva a toda dor
e caia sobre mim.