Súplica

Memórias em embalos

nostalgia

estranheza

flashes, luzes, sombras

as cortinas se abrem e então se fecham

o pavor, o choque, o vazio

eco interminável, ecoa a si próprio de volta à própria origem

passos, gritos, uma risada que eu nunca ouvi

o meu próprio coração, que hora bate e hora não, parece de mentira

uma peça sem ensaio, entre o surto e o desmaio, onde o segundo nunca vem

a sombra que fica deveria lembrar alguém

o espelho em assalto, pelo pescoço me faz refém

minhas mãos, em agonia, contraem como quem quer machucar

me abrir, desfazer e rasgar, minha pele e minhas memórias

contidas mãos, as memórias correm

em gritos no escuro, fios de sangue escorrem

eu vejo a sala

o quadro falso

o ventilador

as ferramentas

a cadeira

a última canção...

e que não tenha sido em vão

que eu reuni tanta paixão

e entreguei ao mundo

rezando pra afastar o fim

que pelo menos um pouquinho

um gota desse amor

sobreviva a toda dor

e caia sobre mim.

Um Boldo
Enviado por Um Boldo em 20/11/2022
Código do texto: T7653806
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.