ANGÚSTIA

 

Uma (in)certa estranheza emoldura,

O cinzelado dia,

Na travessia a minha figura,

Se mistura com a densidade,

O vento que venta sobre a cidade,

Não leva em sua correnteza,

Os resíduos, a estranheza,

Não me leva em sua companhia,

Bem que eu queria!

Uma poética transmutação,

Vida, voo, vastidão,

Mas, tudo que possuo agora,

É a ação da realidade,

De fora para dentro,

De dentro para fora,

A angústia rasga minha identidade,

E cria um fissura,

Tenta transformar em loucura,

A frágil lucidez,

Eu até suportaria,

Se o dia não fosse tão lento,

Se não fossem os porquês,

O movimento dos olhos à procura,

De um balsâmico matiz,

Mas, não vê nada além de gris,

Sem diretriz,

A lucidez sai da conjuntura.

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foto

HLuna

NEM SEI 

 

Não sei se quero ou não quero,

eu que antes tanto queria,

já cansei de lero-lero:

agora só me angustia.

E esse cinza do dia

vai roubando a alegria,

que eu tinha, que era minha,

porém perdeu-se de vez,

em meio a tantos por quês.