DESEJO HIPOMANÍACO
De súbito, vivenciei a autorrepulsa
Entalei-me com o autorrancor
Sufoquei-me com o autodesdém...
E não me senti digno de ninguém
de ninguém!
Eu desejei sumir!
Desejei que o vento me levasse
E que, através dele, eu vagasse no além
Aspirei ser a brisa fria
que eu flutuasse sem ninguém
na noite e no dia
Fizesse parte do além...
Eu desejei sumir! Sumir!
Eu sonhei ver minh'alma partir
Cantasse, cantasse pra ninguém ouvir
Doasse meu coração ao cardíaco
Afogasse meu senso hipomaníaco
Esterilizasse o amor, a emoção...
Viajasse em plena escuridão
Eu desejei apenas sumir! Sumir! Sumir!
(GONDIM, Kélisson. Desejo hipomaníaco. GONDIM, Kélisson (Org.).
In: Vozes Perdidas no Tempo. Brodowski: Palavra é arte, 2020, p. 157. ESCRITO EM 2010).