Now
As duas bocas são cordas
Atuando com a tração
Comovendo com força
Quem merecerá tal condição
Quando cruza-se com o tempo
Tal qual um Caravaggio, uma silhueta nasce
E lhe corta a garganta com um garrote invisível
Usa teus olhos hostis como moeda de lobby
Há a boca que defuma prazeres
Há a boca que desordena gafanhotos
Há a boca que saliva por defuntos e pólvoras
Há a boca que inventa feitiços e exumações de coronéis
Cantei longas cartas de amor
Ao cigarro no cinzeiro
Apenas ele ouvira-me
Enquanto todos os outros estão atarefados [ em suas
solidões de porcelana]
Todo o devaneio deste ambiente
Acumula-se na potência do sentir ao êxtase
E profetiza cristais de vômitos
Conduzidos por três pontas rarefeitas
Depois da orgia de vozes
O silêncio varre e engole a todos
São nestes momentos que deuses nascem
Quando toda a humanidade pasma-se diante o acontecido
Há amor entre mictórios, cabeças de peixes e fins de feira
O mesmo odor do amor e da traição
Vigiar, vulgar, vingar: Eis tu, a Joanna D'arc
A me intoxicar com revoltas e realidades disformes
Eu decoro as voltas da tua língua
Eu a assisto com o pretexto do sotaque
Mas minha imprudência faz meu castelo ruir
E seus olhos me envolvem em caminhos da intimidade...