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As duas bocas são cordas

Atuando com a tração

Comovendo com força

Quem merecerá tal condição

Quando cruza-se com o tempo

Tal qual um Caravaggio, uma silhueta nasce

E lhe corta a garganta com um garrote invisível

Usa teus olhos hostis como moeda de lobby

Há a boca que defuma prazeres

Há a boca que desordena gafanhotos

Há a boca que saliva por defuntos e pólvoras

Há a boca que inventa feitiços e exumações de coronéis

Cantei longas cartas de amor

Ao cigarro no cinzeiro

Apenas ele ouvira-me

Enquanto todos os outros estão atarefados [ em suas

solidões de porcelana]

Todo o devaneio deste ambiente

Acumula-se na potência do sentir ao êxtase

E profetiza cristais de vômitos

Conduzidos por três pontas rarefeitas

Depois da orgia de vozes

O silêncio varre e engole a todos

São nestes momentos que deuses nascem

Quando toda a humanidade pasma-se diante o acontecido

Há amor entre mictórios, cabeças de peixes e fins de feira

O mesmo odor do amor e da traição

Vigiar, vulgar, vingar: Eis tu, a Joanna D'arc

A me intoxicar com revoltas e realidades disformes

Eu decoro as voltas da tua língua

Eu a assisto com o pretexto do sotaque

Mas minha imprudência faz meu castelo ruir

E seus olhos me envolvem em caminhos da intimidade...

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 17/06/2022
Código do texto: T7539611
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