Páthos, Parte IV

Eu nunca mentiria para os aplausos

Embora, cave brechas de luz

Para passar fios dourados

E iludir quem persiste em observar

Há de haver belezas nessas décadas silenciosas

Um intervalo, um momento, um suspiro

Mas eu temo que o futuro seja tão logo

Pervertido pelo presente

Eu não deveria mitifica-lo, mas fora inevitável

Todas as promessas, curas e previsões

Tocadas em meu íntimo, inventadas por mim

Em cada gesto minúsculo teu que seja

Eu abandonei buquês, mesmo que o tarot advertisse:

Encontrarás deus e todo o encanto naqueles lábios

Temi, ver-me tão atendido por meus desejos

Fui beirando o pôr-do-sol de zinco apodrecido

Complexo de engenharia factual

Místico em minha crença

Além das catedrais e encontros

Fui livre de dogmas no meu exílio

Lisérgica esperança, lisérgica memória

Traga-me a inebriante vaidade

Esquecida pelo meu tato

Na lisérgica atitude do meu amor

Vide meu próprio abandono

Como borrar a qualquer demônio

Intuir feitiços como quem aprende

Ao beber das águas do inconsciente coletivo

Tanto tempo, já a fez estrangeira

Ainda ao sul, ainda pensa os nossos karmas

Intimidando enigmas e o oculto com seu olhar

Solucionando líquidos insolúveis na suspenção da morte...

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 30/05/2022
Código do texto: T7526725
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