LUA CORADA
Que uma estrela caia
do lado de casa
e transforme tudo
em poeira iluminada
pra que eu veja no cume
este céu caduco
de uma lua corada.
Adiante, o vislumbre,
do delírio inconsciente
de voltar ao nada
que nos faz gente.
Perto deste, o declínio
suscitando o mito
do cosmo senciente
que igual ao vício
enche a rua de crente
e por algumas horas
todos são iguais
até que urgentemente,
antes de levantar os jornais,
o alarme toca e tudo volta
ao impassível material,
no aguardo de outro astro
sob um céu corado
de um satélite caduco.