DESOXIRRIBONUCLÉICO 8 💠

Céu de mercúrio

reflete a asa morta,

dilacerada, rasgada

sincronicidade tecida

em mármore cefálico

Do céu metálico

um querubim despenca

cai como meteoro em fuga

trajetória

cai como viajante insólito

expulso

despejado

alma nua

melhor do que pedras na mão

retesa o arco

Paulo, Francisco, Belo

Não importa o nome

Agrimar, Agnaldo

Importa que chamem

importa que é santo

Sacro-santo o nome

mas de face profanada

e atos profanos

nada tem de santo

A alma imaculada

agora violada geme sem voz

geme sem cor e sem voz

mas dói assim mesmo

a dor excitada ao extremo

Olha pra cima e vê sua face refletida no céu

não dá pra fazer cara e coroa

apenas cara

o crupiê lança as cartas

o impostor

o ladrão

o sorrateiro

na mesa

a sorte está lançada

a seta foi atirada com toda força

músculos retesados

erra o alvo

estampido ouvido à toa

perfura os tímpanos

mundo silencioso guarda os segredos

segredo é terror e medo

o medo tem medo da coragem

sabe que a besta se alimenta da guerra

já começa a devorar

A herança é forçada

o DNA foi herdado

muda-se a cena

o DNA não

o caráter não

as asas pendem ao chão

flácidas

desvoadas

depenadas

nem são asas mais

mas já estiveram lá e alçaram vôo

Depois caíam

uma queda sem interrupção

esperava alcançar os céus

mas sem bússola na mão

perambula

e se choca com o muro

e desaba dessa vez ao chão

Atordoado

espera

visão turva

mente confusa

pensamentos desconcertados

sem rumo

decide

mira o sol e num pulo alcança o espaço astral

desoxirribonucléico

o mítico

o infâme

o herético

é consumido pelo fogo

nenhuma pena das asas restou

só as cinzas de quem um dia foi e voou.

12/05/2022

10:22hrs

Selton A Jhonn s
Enviado por Selton A Jhonn s em 12/05/2022
Reeditado em 04/04/2023
Código do texto: T7514511
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