ANÔMALO PRISMA
Coincidem cores com amores
desfavores com desamores?
No inerente fato da existência
do bem e do mal
a desordem desforra
e se faz de desalmada,
imprudente e visceral.
Se no mundo desarranjado
onde tudo é origem
e tudo é oriundo,
como saber o que é certo
e o que é duvidoso então?
Hahaha
Não me deixes com tal
e tamanha missão
de desvendar esse misterioso segredo
que tem se transformado em magno, abominável e pernicioso brinquedo
Meu bem, será que não sabes?
Não raciocinas e inquires?
O vermelho
O verde
O azul
Cores divergentes
Mas nada diferentes
Perspassam o mesmo cristal
E colidem no branco convergente.
Se desfazem em profusão de primas-irmãs,
bastardas órfãs de visão
e coroadas de flores inconsequentes.
Mas não se engane
ó doce criança
não se assanhe
por achar que pode despontar
um fiozinho de esperança assim ó!
Cá estamos neste funeral
e o último a sair já virou um esqueleto
calcificado e rijo de tanto esperar.
No retrocesso o funesto virou
uma estátua inacabada de sal!
De tanto relembrar de coisas,
de nostalgias assim
e etecetera e etecetera e tal!
Paraíso em desencanto,
de tanto te buscar
criei a nefasta ilusão
de que posso te dispensar
mais do que te preciso.
Mas nem tanto desespero enxergo,
nem procuro acerto
neste teu inebriado riso.
Se figuras nesse palco
já não me assento na platéia
(Os bilhetes se esgotaram!)
Não esperes meu aplauso
pois nem se fosse rico
tomaria parte ou seria cúmplice
deste espetáculo infernal e malquisto
Se um dia no céu são mil anos
e mil anos na terra
um dia no céu,
fujo galopando desse acontecimento esquisito
pois se deixadas fossem as lembranças perdidas ao léu
tal verbo desbotar-se-ia
e desaforado se extinguiria
em belíssimo e apoteótico escarcéu.
02/04/2022
13:41hrs