Bar do Avelino

Onde o musgo preto cobre já a pintura barata

Homens amontoando

Bolas de brilhar estralando

E o cheiro podre de camisa mal lavada

A cerveja, a pinga, a vodka

Esterelizam as gargantas machucadas

Por palavras mal ditas

Do ódio que apenas o peão entende.

Atrás do balcão o velho Dr. . . .

Que de doutorado não tem nada

O respeito é conquistado de maneira mais complicada

É o médico que não cura perna quebrada

Mas entende muito da dor pela maravilhosa morena.

Dizem que lá já houveram brigas homericas

No boca a boca quase nada se perde

Os detalhes são mínimos, contudo nem sempre precisos

(Quem venceu só deus há de saber)

O homem que pouco tem, é o que mais protege sua honra.

Garotos malandros passam em um vão e vem metediço

Olham com apreço pelo Bar do Avelino

--O sepulcro de sua vida maldita--

Lá está a cadeira em que seu corpo um dia talvez descansará

Se o túmulo antes não o alcançar.

É noite

As ruas já lotam em sentido à alegria

Que escapa dos chãos das obras e fábricas

Grudam seus corpos em êxtase e lástima

No chão frio e paredes apertadas

Do Bar do Avelino

André M Carneiro
Enviado por André M Carneiro em 13/04/2022
Reeditado em 13/04/2022
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