Amorfose
As vezes me causa estranhesa essa voz
esta que escuto ao implorar pro mundo
rogando por paz, por novos ares
pedindo por forças pra mergulhar até o fundo
no breu absoluto, todo som me apavora
se são passos, por onde anda?
se quem respira sou eu, por que me espanta?
se pesa tanto, por que não chora?
o estranho do outro lado da janela
me acusa de mil males,
apenas por ser eu
mas me desperta para mim, e logo me vejo
na janela de um estranho,
que das luzes se escondeu
poderia mil vezes passar no mesmo lugar
captar os mesmos passos, o mesmo espelho
mil estranhos me encarariam com receio
confusos olhos de desconhecer o familiar.