Quando você olha para o abismo, o abismo olha de volta para você.
Mais de 15 anos se passaram
da mudança para a antiga cidade
foram quando meus problemas começaram
as crises de insônia e ansiedade
Uma casa antiga, mas com um preço no orçamento.
dois andares, quatro quartos, uma garagem e um porão
um grande pátio, de um lado a floresta, de outro o lago e o firmamento.
Um pouco afastada da cidade, próxima a rodovia era só pegar a saída 32 e dirigir até o portão.
Toda manhã corria pelas trilhas por esporte
toda tarde caminhava pela margem para a cabeça esvaziar.
Buscava a inspiração para um livro novo, com tema forte,
Mas estava em crise e as palavras começavam a faltar.
Correr e caminhar era minha nova vida, e a floresta desbravar.
Um dia, já meio longe, algo estranho vislumbrei
uma caverna incrustada num pequeno morro como um rosto a gargalhar
o espírito de aventura aflorou e aquele sorriso macabro adentrei
No interior da caverna algo estranho aconteceu
meus olhos acostumaram-se a escuridão
foi quando um calafrio por meu corpo passou e por segundos meu corpo enrijeceu
senti algo estranho, algo em mim mudou de supetão
Em questão de segundos tudo ao normal voltou
pela caverna segui a caminhar, até um grande buraco encontrar
em minha mente algo enlouqueceu e gritou
"não se aproxime, não se aproxime nada de bom há de se deparar"
O buraco escuro, nada conseguia enxergar
mas uma sensação estranha podia sentir
nada via, mas algo sentia, alguém estava a me observar.
Era estranha a sensação e forte o medo, comecei a fugir.
Pra casa rápido a retornar e sem saber porque, tudo trancar
por alguns dias não conseguia nem pensar
conseguia sentir ao longe o buraco a me observar
e lá dentro, tenho certeza, alguém a gritar.
Dias se passaram, noites sem dormir
Aos poucos minha mente conseguiu esquecer
daquela sensação consegui fugir
e aos poucos minha vida ao normal retroceder
Certo dia limpava o porão
e ao mover a estante senti uma brisa passar
da parede me aproximei sem hesitação
foi quando notei uma fresta a se formar
Facilmente consegui um buraco na parede abrir
por ele aos poucos pude me esgueirar
e contra tudo que dizia para meu corpo fugir
avancei pela caverna que cada vez mais parecia se alargar
Por alguns quilômetros continuei a avançar
seguindo pela caverna escura que parecia descer
não conseguia retornar, algo me fazia continuar
foi quando em uma área maior acabei por esmaecer
No teto da área maior um buraco a aflorar
e a minha volta tudo começou a encolher
a passagem por onde vim terminou de fechar
sem saídas do local tudo começou a escurecer.
O buraco acima era tudo que conseguia ver
e para minha loucura de vez aflorar
um homem em seu topo pude reconhecer
era eu quem olhava para baixo, sem saber o que observar.