DEMULCENTE
Diga adeus para seu verdadeiro nome:
agora és tudo quanto consegues lucrar,
és o lugar para onde pudeste viajar,
és o último cara que foste beijar.
Melhor se despedir do seu rosto,
ao olharem serás espelho quebrado
e lerão de todos os seus reflexos
as sombras de suas próprias imagens,
te buscarão para expurgar fantasmas
e tu deixarás para escapar da solidão,
melhor que guardes consigo a identidade
para quando te perderes, e te perderás,
alguém saiba de onde vieste e encaminhe
no próximo ônibus, onde quer que estejas.
Esqueças de onde vem o teu sorriso,
ande, respire, cumprimente que verão
o que quer que queiram, seja o que for,
não faça nada, não se importe, não queira
que todos estão em belíssimo torpor
e se acordam, de fato: é fogueira
porque o mundo é esta confusão
que ninguém quer ver; feche os olhos
e esqueça desse sonho que falo,
de resto, caminhe meu beijo, no estalo
e jamais me escreva novamente.
Diego Duarte dos Santos