ENQUANTO OS ANJOS DORMEM


Dormem suavemente os anjos,
Eu; absolutamente acordado,
A alma em desalinho – desarranjo,
O ego descompassado.

Ouço o tic-tac dos ponteiros,
Como parecem lentos!
O cheiro da loucura ocupa o quarto inteiro,
Veio nas asas do vento.

Vontade de ser o que eu não sou,
De me explodir na insanidade,
Reacender o fogo que o marasmo apagou,
Desafiar a normalidade.

Vontade de romper os limites,
Voar... Voar... Voar...
Ao encontro do que não existe,
Das grades, me libertar.

Vontade; com o vento ela passa...
Fica a ausência de paz;
E a loucura sorri da vidraça,
Do meu eu estranho – incapaz,

De dar um basta no comum,
Na mesmice das horas,
E senti-la sem medo algum,
Tornar eterno o meu agora.
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Os anjos continuam dormindo,
Eu Continuo acordado,
Os ponteiros não estão mais retinindo,
No chão; um relógio espatifado.