Os Sete Círculos do Inferno
(As feridas, deitadas à cama, tornam-se escaras. Levanta-te! Levemos-nas ao fogo, então !!!)
Apesar das mortes quotidianas
Dos sonhos,
Das ideologias,
E da cruel realidade que se anuncia
Alucina...
(Sina?)
Segue-se a Vida,
Mesmo que
Como quem segue um cortejo:
Sem a menor pressa ou vontade...
Pois chegar, não interessa
Para quê?
Ao quê?
À fossa infame
Da Morte?
(Num escuro final de tarde...)
Ah, mísero covarde!
Mas não é por tal que tanto anseias?
A simular,
Com tuas doses químicas quotidianas
Uma Morte "com hora marcada",
Condicionada
Ao despertar do relógio da semana?
Sei que em tua mente insana
Aguardas o momento
E a coragem(?)
(Ora, estúpido, devias ter mais medo dessa vida mesquinha!)
De mudar a dose
Para overdose...
Deixando “o bilhete”
Tal qual um ramalhete
De flores negras...
Dizendo:
"Fui escória
Saio da vida
Para sumir da História"...
Certamente algumas despedidas
O resto? Feridas...
Mas já te adianto um desencanto
Não descansarás em "Campo Santo"
E sim, em qualquer canto
O canto dos malditos,
Dos suicídas !!!
Dos que, num ato de loucura
(Ou de bravura?)
Deram cabo à própria vida...
Mísera vida...
E estarás fadado a percorer,
Tal qual um Dante desvairado
Os Sete Círculos do Inferno...
E a fitar um Diabo estupefato
Com o teu riso irônico...
Rebeldia? Leveza?
Pois nem na última das Sete Profundezas
Experimentarás a total tristeza
Como desfrutas entre os mortais...
Teus pares...
Teus... iguais?
Dá-me então duas caixas de calmantes
E um litro de jim tônica...
À “lealdade” dos humanos,
A "humana natureza"
Prefiro a torpeza dos demônios...
(PS: em "A Divina Comédia" Dante desce aos nove círculos do Inferno; usei o número sete porque gosto dele. é "cabalístico" e, ademais, mesmo se para lá fosse, creio que o 8º e o 9º círculo eu não percorreria; estariam reservados aos meus desafetos...).