ODES UTEROLOGISTA
OS UTEROLOGISTAS VOLTARAM
Esse é meu poço
meu espaço,
aqui só cabe meu passo,
não cabe sua cabeça grande
de Dino...
Esse seu peito plástico
deu- me alergia na boca,
cocei ate sangrar,
mas vou gritar para a pitangueira;
--minhas reticências foram saqueadas,
eu mesmo me saqueei
estou sem os olhos,
um cadáver estuprado
corpo escravagista todo nu,
ficarei no canto beijando Rodim,
lá tem meus irmãos ungandeses
e primos senegales,
vamos tocar tambor
falar nossos dialetos e beijar a voz
dos uteroligistas,
pois eles nos pediram pentes de marfim.
Calado, munido do nada
engaiolado entre vidros,
sentado no frio granito
a olhar a rua vazia.
No céu carros de aço voam,
na terra caem seus pedaços.
A velha mendiga passa
comendo caviar entre as unhas,
o mundo marrom sorri para o nada
olhando as estrelas ausentes
que caíram todas por traz das matas
com suas ruas de copas.
Ali galhos que se abraçam
formando sinistra sombra
encobrindo a luz do dia.
Casarões que guardam
surpresa e tragédias
revelam a face oculta
de vida e morte.
Quem aprecia a beleza
daquela voz rouca
não conhece o conteúdo
do seu aromático porão.
Nos seus bancos de pedras
divã de um amor desesperado,
daqueles cabelos
minam lagrimas de dores
que criaram limo nas entranhas
do coração.
Será que alguém esta dormindo
dormindo um sono sorriso?
Ou comendo sobre o sereno
e mascando cânhamo no banheiro?
Será que alguém
esta sentado no divã do fórum,
na cadeira de balanço de Abulgrai
ou guantanamo esperando o dia chegar?
Será que alguém
esta vivo nas ruas da savassi
ou esperando na fila do instituto
gritando o óbito do filho?
Alguém faça alguma coisa por favor!
Temo em expor
minhas estonteantes angustias
de uma hipócrita vida.
Temo as vitrines
expondo seus críticos
com sua critica catastróficas.
Temo o obvio intacto e abstrato,
a afasia das maquinas, o que falar?,
O lápis que não sorri,
amo a tinta de Picaso
que borrou a parede vermelha
de uma guarnica intima
dos ultimos uterologistas.