PESADELO
(Sócrates Di Lima)
Faço de tudo um pouco na vida,
inclusive viver.
Mas quando eu busco a noite
Nas esquinas da minha vida,
Descubro que o dia passou
Nós ecos dos meus gritos.
Sinto o sal arder na minha boca
Vinda dos lábios as Lágrimas
Por conta do amor perdido
Que tanto minha sufoca.
E como uma arma na mão
de um bandido louco,
Apontada entre os olhos
dos meus sonhos
Um cano frio na agulha
de um peito ferido
Sente o projétil arder
Ao penetrar meu cérebro.
Um grito mudo ecoa
na minha alma fúnebre,
Sentindo o fogo da dor
de um amor perdido.
Que faz tombar ao chão
O corpo inerte e frio,
Como um peixe morto
jogado de uma ponte.
E o vento me arrasta
sobre a água turva
Entre as pedras e Barrancos vivos
Sigo sem rumo nas ondas
que se dobram.
E quando cai no precipício
em correnteza
Tento levantar-me
agarrando ao nada
Mas o corpo mórbido
segue o remanso
Imóvel e enxarcado
pelas lágrimas do amor querido.
Mas ao chegar na curva
da queda bruta,
Olhando o precipício
de um pesadelo
O corpo se contorce
numa cama quente
Abrindo em desespero os olhos,
assustados
Acordando de um sonho louco.