agonia
essa agonia de partir
de arrumar as malas
de lembrar se não esqueceu...
essa agonia de ir
de mirar porta a fora
de se esgueirar pelos caminhos possíveis
de enxergar entre sombras plausíveis
lustrar os sapatos
escolher a roupa, a hora
ou o taxi
esfregar as mãos
e os anéis?
depois, de tudo pronto
esperar a hora de partida
a sensação de despedida
intrínseca
saudades de ontem
da padaria funesta
da dor latente
na alma
tudo isso é agonia
e se plasma dentro de mim
e se alastra
nervosos fios se embolam
tensos fios metálicos da rua
espantam as andorinhas
as rolinhas
espantam o mau tempo
agonia de alma aflita
apressada em partir
e se debulhar no desconhecido