Delírio Noturno
DELÍRIO NOTURNO
Penso a noite estar delirando
Um pesadelo talvez
Tudo é tão claramente obscuro
O silêncio parece estourar meus tímpanos
Que vibram tão intensamente
Posso sentir meu coração erodindo dentro do peito vazio
Uma introspecção involuntária me leva cativo
Enquanto a noite se faz infinitamente minha companheira
Ausência e saudade se misturam
Em um turbilhão abissal
De correnteza tão veloz, quanto de cruel realidade
A insônia se faz inevitável companheira
Não há vento nem mar presente
Apenas a noite friamente cínica
Parece um encontro com a ausência
Tudo é tão lógico nessa trajetória insólita
O sentido de tudo não faz nenhum sentido
O filho antes do pai
A criação antes do criador
A dor prematura
A ruptura total
A insânia da sanidade
O delírio noturno se cala
Com o dia que teima em raiar apressadamente!
Rio, 21/04/2021, para meu filho Jay