Criação
Não sei se crio.
Vão, sem dar um pio,
palavra por palavra,
sem, ao menos, bravata.
Para o mundo
foram-se,
junto de um imundo
foda-se,
letra por letra,
nó após nó.
Do só ao só.
Num vento, repentina,
uma voltou-se.
Palavra atrevida,
sem rima aparente.
Apenas parecida.
Foi pra lá, ter sua vida
em outras páginas,
talvez em outras mentes,
mordendo cada semente
das demais,
delas descendentes.
Besteira! Palavras não têm filhos...
São apenas desafios
que da vida se alimentam,
feito o tempo que não volta,
feito coisa dita torta,
a palavra é o que é,
no momento não medido,
usurpadas por quem diz
ao tentar ser entendido.