Encaixes
Ali na frente é o espelho
Que devolve impiedoso a carcaça
Envelhecida num fútil desejo
Largado num canto escuro
Vigiando enquanto a vida perpassa.
Basta um sopro ou uma gota
Pra que afunde nesse torpor
Tão longo que não se esgota
A angústia da luz intermitente
O cheiro nauseante do calor.
A brisa que chega e se esvai
A sede que não desiste de mim
A flor que se levanta e cai
São anúncios que reluzem lá fora
De ânsias que não tem mais fim.