Cão Raivoso
Luto com minha loucura
Como quem atiçasse
Um cão raivoso
Contra seu próprio dono
(Pasmem, sou eu esse dono!)
Por completo Ela a mim
Se mostra
Nua e crua...
(Seus caninos agudos
Escorrendo a fúria incontida)
A cada avanço,
A cada mordida,
Que põe meus ossos a mostra,
Mais minha vontade se prostra...
Ó Lua, mãe de todos os lunáticos
Santa de todos os loucos erráticos!
Se ao menos esse cão,
Essa loucura
A vida de vez me tomasse,
Invés de lentamente torturasse...
Tirando da carne, cada vez,
Um quinhão
Matando-me, lentamente,
À prestação
Um bocado a cada surto...
Sem qualquer outra opção
De vez
Eu surto, então.
Demente, sozinho,
Já não tenho bússola, nem norte,
Nem sorte, nem razão...
Segue andarilho,
Louco maldito e maltrapilho
Sem direção...
Pois, para quem se perdeu
O caminho agora
É qualquer chão.