CONSOLATÓRIO
Que é a nossa vida senão um tecido de ilusões
com as quais o coração nos engana?
[...] De que nos vale fugir, se este coração é o nosso ser [...]?
[Jaime Balmes]
Olha, Amor, vais-me dar um consolo,
Vais-me curar deste mal que me aflige,
Cuidarás deste coração tão tolo
Que de desenganos se me tinge!
Olha, Amor, vais-me curar esta chaga,
Que em fúria no meu peito se espalha.
Sabes que o mal com o bem se paga,
Hás de conter este fogo sobre a palha!
Olha, Amor, vais-me tratar o desacerto,
Que no meu psíquico se alteia e se revela,
Vais-me afrouxar este nó e este aperto,
Vais-me dar a chave desta ígnea cela!