Mais um cafezinho

Das turbas do sonho ainda não me havia levantado.

Alucinações da noite passada ainda me castigavam os ossos,

pelo gozo pecaminoso que tinha me colocado.

Tão cansado de ser o tal do pobre diabo, não podia mais me lamentar

Daquilo que os mais fundos pulsos me instigavam a fazer

Às beiras dos cafés mais amargos, e pães tão injuriados,

Via os primeiros sinais daquelas manhãs alaranjadas,

Que todos tiram das gavetas seus sorrisos mais falsos

E um simples: “bom dia”, custa aparecer.

Naquele espelho escuro e espumante,

Deixava meu reflexo queimar

--Não estava em condições de ser encarado--

Quando via que já não restava vida no eu do passado

fazia-o descer a garganta, para que de seus trapos e farrapos

Surgissem as forças e energias para viver aquele dia.

Às seis que o galo não canta

Já precisava de mais um cafezinho