Capitão Corona
O sono na noite branca,
Confunde-se com o sono da manhã negra,
Os passos da menina,
São rastros invisíveis,
Na rua repleta de corona,
''A corda bamba de sombrinha''
Mostra-nos o fim da linha.
Ainda tem pipa no céu,
Cachorros latindo no quintal -
Xixi no poste, no vaso da vizinha,
Creme de avelã no pote,
Máscara na cara pálida,
Pelo sol escondido
Dentro da cápsula de vitamina D.
Índio que morre na floresta,
Homem branco que continua desmatando,
Capitão, sem noção, decreta que se morra,
Morremos a cada dia...
Doentes abandonados em Hospitais,
Médicos e Enfermeiros isolados,
Isolam pacientes no uni-du-ni-tê,
Vão morrer.
Apenas por impotência,
O sêmen contagia pelo corona -
O coração da menina,
Namorar vira coisa do passado
O ontem já era,
Era uma vez a Nova Era,
Por onde o semblante é sério
O sorriso é raro.
Rara é a saída.
Crise não combina com olhos fechados,
Abrem-se os olhos e lágrimas caem,
O choro da Nação é verde e amarelo,
Onde o Presidente sem noção
Obriga a Poesia Loucura,
De rimas de pés quebrados,
A lembrar do avô.
Quem nasceu em sessenta deve sair de cena,
Talvez eu me vá em breve,
Talvez ainda me reste um tempo,
Quem sabe?
Quem fica? Quem vai?
O sono na manhã negra,
É peste em solo árido,
O sonho poeira de minério,
Pra você que venceu até aqui -
Vida longa à alma guerreira!