Limiar
Um respiro, um breve alçar à superfície
Outro mergulho, de volta a escuridão
Não a causo, sou vítima infindável e oportuna
Vazante seca de profunda indignação
Rotina adotada, involuntária, inescapável
Braçadas contra um mar de ódio e desumanidade
Sinto minha pele se fundir ao líquido, agora quente
Sangue, lágrimas, uma taça, não há profundidade
Vejo o fundo, uma escotilha, conheço o caminho
Luto contra o próprio instinto de não cruzar o limite
Não vou trancar meu ser ali, para ser aqui
No mar sombrio, outra corrente, a quem o desamor incite.