Limiar

Um respiro, um breve alçar à superfície

Outro mergulho, de volta a escuridão

Não a causo, sou vítima infindável e oportuna

Vazante seca de profunda indignação

Rotina adotada, involuntária, inescapável

Braçadas contra um mar de ódio e desumanidade

Sinto minha pele se fundir ao líquido, agora quente

Sangue, lágrimas, uma taça, não há profundidade

Vejo o fundo, uma escotilha, conheço o caminho

Luto contra o próprio instinto de não cruzar o limite

Não vou trancar meu ser ali, para ser aqui

No mar sombrio, outra corrente, a quem o desamor incite.

Subverso
Enviado por Subverso em 01/05/2020
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